sexta-feira, 10 de agosto de 2012

SELEÇÃO DE BASQUETE DO BRASIL EM LONDRES 2012 RECUPEROU O RESPEITO E O ORGULHO PARA OS BRASILEIROS

A experiência em decisões, somada ao talento de seus jogadores, pesou nesta quarta-feira nos momentos cruciais de um duelo no qual essas duas qualidades falam mais alto, e deram à Argentina uma vitória por 82 a 77 sobre a seleção brasileira masculina de basquete nas quartas de final dos Jogos de Londres.
Com isso, o sonho do Brasil de conquistar uma medalha em seu retorno a uma edição de Olimpíadas após 16 anos de ausência chegou ao fim. Em 2016, já classificada por ser a equipe anfitriã, a seleção tentará mais uma vez subir ao pódio olímpico neste esporte, o que não acontece desde o terceiro lugar nos Jogos de 1964, em Tóquio.
O armador Marcelinho Huertas e o ala-armador Leandrinho foram os cestinhas da partida, com 22 pontos cada. Nenê se destacou nos garrafões com 12 rebotes, maior número do jogo neste fundamento. Pela Argentina, Scola, com 17 pontos, e Ginóbili e Delfino, com 16, foram os principais destaques.
Se um índice de aproveitamento pode ser escolhido para representar como a experiência e a frieza decidem uma partida como a de hoje, este é o de lances livres. O Brasil acertou apenas metade das tentativas que teve - 12 em 24. Já os argentinos converteram 19 de 28 (68%).
O jogo começou com os comandados de Ruben Magnano mostrando que não dariam vida fácil aos campeões olímpicos de 2004 - edição na qual o hoje técnico da seleção brasileira comandava a equipe de seu país natal. O Brasil fechou a parcial na frente (26 a 23) e tinha em Huertas seu principal jogador, com 13 pontos.
Tivemos a chance de aposentar a Geração Dourada, aquela que mais nos maltratou durante os últimos anos.
Por crueldade do destino, quase sempre eles estavam em nosso caminho. Sempre venceram.
Hoje tínhamos a chance de mudar o paradigma, reescrever a história. Não conseguimos.
Ficará para a História que jamais conseguimos bater Manu Ginóbili e seus geniais companheiros. As vitórias pontuais serão esquecidas, ficará o estigma.
Serão esquecidas todas as pequenas chances que tivemos, todas aqueles momentos definidores. O que ficará para a memória é que, enquanto houve Geração Dourada, apanhamos. Não importa o que passasse de nosso lado.
Nos tempos de vagas magras, apanhamos comandados por Hélio Rubens, por Lula, por Magnano. Apanhamos com atletas da NBA, sem atletas da NBA. Em jogos grandes e em jogos pequenos.
Não chega a ser uma vergonha, porque se trata de um dos maiores esquadrões que já habitaram uma quadra de basquete. Mas para quem viveu cada um desses jogos, quem torceu todas estas partidas, quem chorou ao final destes quarenta minutos, vão carregar, pra sempre, a dor desta década da mais consolidada e pura freguesia.
A grama do vizinho, no final das contas, é mesmo mais verde.